Caminhar pelos corredores da UNESP Ilha Solteira, atualmente, pode ser uma experiência um tanto quanto interessante. Quem olha de fora acha que nada mudou, mas se engana. E você pode se perguntar onde está a diferença? A diferença está nos sons, no que se ouve, nas diferentes línguas que tomaram conta da nossa universidade.
Toda mudança se dá por conta dos nossos novos visitantes. Só nos últimos três meses a cidade recebeu mais de 50 universitários de diversas partes do mundo como Alemanha, Reino Unido, Espanha, México, Líbano, Tunísia, Sérvia, Bélgica, Polônia, Israel, Portugal, Japão, Bósnia e Croácia.
Existe um projeto, envolvendo diversas universidades do país, entre elas a nossa UNESP, gerenciado pela IAESTE (Associação Internacional de Intercâmbios Para Experiência Técnica de Estudantes), uma organização que promove intercâmbio de estudantes em mais de 90 países.
Parte da experiência fornecida aos “gringos” fica por conta das inúmeras repúblicas em Ilha Solteira que se propuseram a receber esses universitários. Em conversa com Maurício Cintra, estudante de Engenharia Mecânica e um dos colaboradores do projeto, descobri que o processo de seleção dessas repúblicas é muito simples e que qualquer um pode participar, mesmo não sendo universitário. “A oferta de moradia é feita pelos próprios estudantes no site da ABIPE http://www.abipe.org.br/site/estudantes/programaiaeste.php (entidade responsável por gerir o programa de intercâmbio da IAESTE no Brasil) seguindo alguns pré-requisitos necessários, como oferecer café da manhã e um quarto – que pode ser compartilhado ou não. Contudo, a moradia ofertada não precisa ser necessariamente em república ou casa estudantil, podendo ser também em casa de família, contanto que a mesma esteja ciente das condições necessárias ao programa”, diz Maurício.
Perguntei a um dos participantes do programa, o alemão Christoph Wechselberger (Engenharia Mecânica), “como surgiu o interesse pelo Brasil?”, e tive uma surpreendente resposta ao saber que além de buscar as belezas naturais do Brasil, ele também optou pelo país mais distante possível. “Eu queria um lugar o mais distante possível de casa porque, por exemplo, se tivesse optado pela Espanha, teria sempre a sensação de poder voltar para casa assim que sentisse vontade e esta não é uma possibilidade aqui. Além disso, o Brasil é um lugar que talvez eu não tivesse muitas outras oportunidades na vida de visitar, diferentemente de países como os Estados Unidos ou algum outro lugar na Europa. Também é uma ótima oportunidade de conhecer a América do Sul e sua cultura incrível!”. Christoph ainda me respondeu sobre “como enxergava a experiência de conviver com uma nova cultura?” e, dessa vez, a resposta foi algo até esperado, característico do povo brasileiro. “De longe a maior diferença que eu encontrei na cultura brasileira é o quão amigável, receptivos e solícitos as pessoas são por aqui. É admirável como os brasileiros, de modo geral, sempre tentam te ajudar em qualquer situação. Eu tive o prazer de conhecer tantas pessoas diferentes e com tantas particularidades culturais em tão pouco tempo. Fora isso, não posso deixar de falar de quão incrível são as paisagens no Brasil!”.
Claro, sabemos que nem sempre é fácil se virar em um novo país, que grande parte da experiência vem mesmo das dificuldades, e a maior delas obviamente é a comunicação. Parte importante do processo de seleção é identificar repúblicas onde o intercambiário possa ter tais barreiras minimizadas mas, infelizmente, nem sempre isso é possível. “A dificuldade de comunicação entre os brasileiros com os estrangeiros é notória, pouquíssimas pessoas, mesmo dentro da universidade, tem o domínio da língua inglesa, o que dificulta a comunicação, uma vez que a grande maioria dos participantes do programa tem o domínio, além da língua nativa, deste idioma. Para reduzir essa falha cultural brasileira, procuramos sempre manter ao menos uma pessoa que se comunique bem em inglês junto aos intercambiários, levá-los para festas e para conhecer diversos lugares.”, completa Maurício.
Buscar novas experiências, em outros países, tem um papel fundamental na formação desses futuros profissionais. E graças a projetos como esse, está ficando cada vez mais acessível aos brasileiros ter a oportunidade de fazer um intercâmbio durante a Universidade. Essa é uma via de duas mãos, ao ponto que recebemos intercambiários, enviamos um aluno para outro país, e temos a oportunidade de conhecer novas culturas, aperfeiçoar uma segunda língua e acrescentar a experiência ao currículo profissional, cada vez mais exigente no mercado de trabalho.
Além do programa oferecido pela IAESTE/ABIPE, não podemos deixar de citar o projeto MARCA, desenvolvido pela UNESP em conjunto com as universidades Sul-americanas. Ilha Solteira está repleta de estudantes Sul-americanos que enxergam na UNESP uma referência em pesquisa e desenvolvimento nas áreas da Engenharia, Agronomia e Ciências.
Por Gesmar N. de Almeida Jr, estudante de Engenharia Civil – UNESP-FEIS
Colaboradores: Eduardo Luís Goldoni
e Diogo César Ferreira Silva
Fonte: http://ilhadenoticias.com/site/destino-ilha-solteira-por-gesmar-n-de-almeida-jr/