Depoimentos

Maria Vittoria Virgili Hannickel

Arquitetura

Líbano

Junho à Agosto de 2015

Sempre pensei em ir para a Europa estagiar e apareceu essa vaga no Líbano. Ai pensei: porque não? Quando mais iria para o Líbano? Ai pensei que seria uma experiência muito legal em local tão diferente e decidi tentar. 

Era um escritório de arquitetura cristão e  tinha mais uma estagiária além de mim. Trabalhava de segunda a sexta das 8h às 17h30, com meia hora de almoço.

Eu falava em inglês e eles falavam árabe, inglês e francês. Praticamente os libaneses falam essas 3 línguas de um modo geral. E no escritório todos os documentos eram em inglês.

Eu fazia a parte de desenhos e era um estilo muito diferente, algo mais antigo e não contemporâneo como nós usamos.

Senti uma diferença em função e estilo, o ritmo variava com a demanda de projetos. Só ficava no escritório.

Entre os dois arquitetos, que eram um casal, a mulher ficava só no escritório e o marido em obra. Então ela era minha chefe direta.

Normalmente você se inscreve no começo do ano e aí precisa juntar pontos para concorrer a vaga. Como buscar outros intercambistas no aeroporto, sair para fazer programas culturais, tudo isso aqui no brasil.

Aí, a partir do momento que você quer a vaga, você paga o application fee e depois que você se interessa, manda os documentos necessários (tem uma lista de requisitos) e o escritório brasileiro manda para o escritório do país de destino que fala com a empresa.

Fiquei no dormitório da faculdade e dividia o quarto com uma menina do Iêmen, ai quando começamos a nos aproximar ela já estava quase indo embora.

No meu dia à dia acordava para trabalhar e ficava no escritório o dia inteiro. Como era verão, tinha sol até as 8h da noite. Saía do trabalho e chegava umas 6h no quarto, descansava um pouco e saía com os amigos.

Viajei todos os finais de semana. Do mesmo jeito que tem pontos no Brasil, lá tbm tem. E os intercambistas que foram sempre organizam viagem. Fui pra Byblos, Baalbek e todas as cidades maiores. Era bem diferente e por isso superou muito minhas expectativas.

Achei que teria um impacto cultural muito grande, mas lá não é nada do que imaginava. Lá as muçulmanas são mais tranquilas. Não teve esse choque. E a comida é muito boa! Melhor comida árabe que já comi.

Meu maior desafio foi convencer meus pais e amigos de que ía. As pessoas perguntavam o que eu iria fazer lá.

A principio, meus pais falaram que não poderia ir, mas falei que queria muito. Então meu pai foi falar com um amigo libanês, para saber mais sobre o país e o amigo dele falou que era muito seguro, que não é nada como imaginamos. Depois disso ele deixou.

Chegando lá, vi que existem muitos refugiados sírios. Mas não senti medo em nenhum momento.

A única vez que senti algum receio foi quando fui viajar para Baalbek, que é na fronteira com a Síria, e pediam para o grupo ficar junto. Mas mesmo assim, por conta de guerra não teve nenhum problema.

O que mais gostei foram das festas. Muito melhores que as de São Paulo. A balada deles é tudo muito grande, a maioria tem céu aberto e eles gostam muito de festa. Qualquer dia da semana você encontra algo acontecendo e o estilo de música não é algo local.

Eu amei a experiência por ser um dos países mais velhos do mundo; é um país com muita história e as pessoas querem manter isso sempre vivo, mesmo com todo sofrimento que já passaram por causa das guerras. 

proveite para conhecer o Líbano inteiro.  Tente conhecer as pessoas de lá porque elas vão te levar para lugares que só locais conhecem. Não tenha a mente fechada para ir para esse lado do mundo.

Lá é um lugar que supera todas as expectativas e é muito legal.

 

 

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